sábado, 27 de outubro de 2012

Territorialidade do agronegócio

Excerto da Tese de Doutorado, Dispositivos territoriais das redes mundiais, 2004
Diagrama soja fluxos/ pólos e produtores maiores-hubs, Miranda, 2004


Detalhe das manchas de produção de soja Centro-Oeste/ BAHIA/Paraná/ Minas. Pesquisa de dados no Geipot. Inclui produção de minério/ aço e celulose. Pesquisa Clara Luiza Miranda desenho Patrícia Hulle. Valores em milhões de toneladas

MAPA DAS COMMODITIES
“Nada é mais desterritorializado que a matéria movimento, a matéria-fluxo é vetorial” Deleuze e Guattari
A nova configuração da circulação e a mobilidade geográfica intensiva que ocorrem no território brasileiro, nos anos 2000, advêm principalmente das novas fronteiras agrícolas: cerrados do Centro-Oeste, Triângulo Mineiro, Rondônia, Oeste da Bahia, sul do Maranhão e do Piauí. Estas regiões estão se tornando altamente modernizadas e especializadas, produzindo commodities, sobretudo soja e milho.
A longa distância da nova fronteira agrícola dos portos influi na configuração das redes de circulação, na medida em que multiplica os percursos possíveis no território e que enseja a possibilidade de ampliar o número de saídas, entradas e passagens para o interior do subcontinente.
Estas redes de transporte são açambarcadas imediatamente pelas corporações. Segundo dados da empresa Archer Daniels Midland, a ADM, as chamadas fronteiras logísticas em geral, são consideradas como as últimas etapas que podem ser exploradas para aumentar a praticabilidade das empresas, a fim de manter "vantagens diferenciais competitivas". Abrir novos fronts requer “as atividades logísticas, que afetam os índices de preços, custos financeiros, produtividade, custos de energia e satisfação dos clientes”.
(...)
A estratégia de multilocalização das firmas mundialmente, o intra-firm sourcing, gera lógicas organizacionais, que estruturam cadeias produtivas em forma de redes de empresas, de escala e vínculos diversos: filiais, terceirizações, subcontratações, parcerias. A organização do intra-firm sourcing superpõe-se em camadas, que vão configurando a flexibilização da produção no território, assim como a flexibilização das formas de trabalho, fragmentando-se em agentes menores, que podem gera formas de cooperação territorial tipo clusters, na medida em que se aproxima da base da cadeia expandida (DUPAS, 2001).
"As modificações ocorridas no seio das cadeias produtivas globais, alteram, pois, de modo decisivo, a forma como os países e os agente econômicos relacionam-se entre si, se apropriam da riqueza, alteram o mapa da produção mundial, a demanda por trabalho e a força relativa dos diversos grupos de trabalhadores" (DUPAS, 2001).
O padrão de distribuição territorial é variado, a unidade operativa é a rede e não cada uma das firmas individuais. O que torna a informação, que circula em redes e sub-redes crucial na realização das operações das cadeias produtivas (CASTELLS, 2001). (...)

Referências:
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em redes. Tradução: Klaus Brandini Gerhrdt. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
DUPAS, Gilberto. O Brasil, suas empresas e os desafios da competição global. In. BARROS, Betania Tanure (org.). Fusões, Aquisições & Parcerias. São Paulo, 2001.


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