Programa da TV Fórum debate o conceito e lança oficialmente o 3º Concurso Aprender e Ensinar que premia iniciativas simples, de fácil reaplicação e que valorizam o saber e a experiência popular
Por Adriana Delorenzo
Nesta semana, o programa da TV Fórum na Pós TV trouxe as tecnologias sociais para o debate. Muitas vezes as pessoas desenvolvem e praticam tecnologias sociais, mas desconhecem o conceito. Para multiplicá-lo, a Fundação Banco do Brasil e a Revista Fórum promovem o Concurso Aprender e Ensinar, que está em sua terceira edição e com inscrições abertas. O programa, além de discutir o potencial dessas iniciativas, lançou oficialmente o concurso.
“Queremos dialogar com o professor para que ele possa refletir como aplicar essa discussão do conceito de tecnologia social em sala de aula”, afirmou Claiton Mello, gerente de Educação e Tecnologia Inclusiva da Fundação Banco do Brasil (FBB). O Concurso Aprender e Ensinar premia professores da Educação Básica vinculados à rede pública e de espaços não formais de educação (EJAs e ONGs). Seis vencedores ganharão uma viagem para a Tunísia, onde vão participar do Fórum Social Mundial em março de 2013.
Mas afinal o que são as tecnologias sociais? Como explicou o professor da PUC Ladislau Dowbor, geralmente, a tecnologia é “algo que vem de cima, dos países ricos, de grandes corporações, mas isso pode ser invertido”. Essa inversão ocorre quando a tecnologia vem da base da sociedade. “Não temos que combater as tecnologias, temos que inverter o sinal político, em vez de a tecnologia ser um elemento de dominação, coberto por patentes e royalties, ela pode libertar”, completou.
Existem inúmeros exemplos de tecnologias sociais pelo país, como as cisternas de placa, desenvolvidas pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) e apoiadas pela FBB. A tecnologia consiste em mobilizar as famílias, capacitar os moradores para formar comissões e mão de obra, incentivar o debate sobre os recursos hídricos e adquirir matéria-prima local, fomentando a economia da região. Como destacou Dowbor, “em vez de se ter uma grande empreiteira, você tem um sistema apropriado pela comunidade”.
Na educação, também não faltam iniciativas. Na primeira edição do concurso, em 2008, foram 2.640 inscrições de todo o Brasil. Na segunda, em 2010, o número subiu para 3.075. Hortas de ervas medicinais na escola, a construção de fogão solar e até um banco verde de trocas de materiais recicláveis são exemplos de tecnologias sociais. “O importante é ver como os problemas da comunidade se resolvem e como eles podem resolver os problemas da escola e serem levados à sala de aula”, ressaltou Mello.
Paulo Freire e novos sujeitos
“Há muitas pessoas que fazem, mas não sabem que é tecnologia social, o concurso tem esse aspecto pedagógico de formar. Muitas vezes se faz tecnologia social com outros nomes”, afirmou o professor da USP e diretor do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti.
Referência na Educação, Paulo Freire desenvolveu uma metodologia que pode ser chamada de tecnologia social, pois contém seus elementos-chave, como o protagonismo da comunidade . Como explica Gadotti, ela respeita o saber do beneficiado e o beneficiado se apropria da tecnologia. “Quando as pessoas entendem o que é tecnologia social, rapidamente, identificam, nas suas práticas, alguma ação concreta”, disse.
“Há muitas pessoas que fazem, mas não sabem que é tecnologia social, o concurso tem esse aspecto pedagógico de formar. Muitas vezes se faz tecnologia social com outros nomes”, afirmou o professor da USP e diretor do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti.
Referência na Educação, Paulo Freire desenvolveu uma metodologia que pode ser chamada de tecnologia social, pois contém seus elementos-chave, como o protagonismo da comunidade . Como explica Gadotti, ela respeita o saber do beneficiado e o beneficiado se apropria da tecnologia. “Quando as pessoas entendem o que é tecnologia social, rapidamente, identificam, nas suas práticas, alguma ação concreta”, disse.
Pedro Markun, da Casa da Cultura Digital, concorda que o Brasil pratica muita tecnologia social, embora o nome muitas vezes não seja utilizado. O importante, para ele, é que “o sujeito deixa de ser um mero consumidor e passa a produzir tecnologia”.
Essa questão de se reconhecer como um produtor também foi destacada por Gabriel Fedel, do Fora do Eixo. “Isso está cada vez mais relacionado à dinâmica da sociedade hoje, onde já não somos mais meros receptores, podemos postar escrever, publicar, transmitir pela internet”, afirmou. “As tecnologias sociais têm o poder de ser viral”, completou.
(Colaborou Igor Carvalho)
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