O comércio intrafirma acontece em firmas-rede, que são as mais características
da produção flexível. Alguns dos segmentos interconectados são tanto autônomos
quanto interdependentes da rede, podendo mesmo fazer parte de outras redes. A
atuação dessas redes, segundo Manuel Castells (2000), depende de sua “capacidade de conexão”, quer dizer,
da “sua capacidade estrutural para facilitar a
comunicação livre de ruídos entre seus componentes; e sua consistência, ou
seja, o grau até o qual se partilham interesses entre os fins da rede e os de
seus componentes”.
A troca de componentes e de suprimentos para cadeias de atividades internacionalizadas
intrafirmas têm alçado um alto volume no comércio internacional brasileiro. Das
comutações globais, decorre a integração dos mercados, consolidada pela articulação em rede das
firmas multinacionais entre sucursais, fornecedores e subcontratantes que
representa cerca de 30% do comércio mundial e 50% das importações do Brasil (ANDREFF, op. cit).
Um
dos determinantes principais do comércio exterior é a estratégia técnico-financeira
da empresa transnacional para a integração industrial. Essa estratégia segue
etapas, que envolvem a produção e a comercialização, visando a otimização da
estratégia concorrencial global, com o objetivo de consolidar o grupo no
mercado global.
A integração
industrial transnacional enseja um importante comércio entre os segmentos da
empresa-rede. Os preços que governam as transações intra-firma, denominados
preços de transferência, possuem determinantes singulares, consistindo numa das
vantagens da internacionalização para essas empresas. Destacam-se no comércio
intra-firmas em território brasileiro, os grupos PHILIPS,
a FIAT,
BOSCH, VOLKSWAGEM e
a GENERAL
MOTORS, segundo a Secretaria de Comércio Exterior
(SECEX)
do Governo brasileiro (dados até 2004).
Uma das
estratégias das firmas transnacionais é baseada na integração em níveis, na
qual cada unidade da firma faz parte de uma seqüência da cadeia produtiva, desenvolvendo
produtos de uma das etapas ou enviando suprimentos para uma unidade montadora.
Esta estratégia atua sobre as importações brasileiras de material
eletro-eletrônico, destacando-se a PHILIPS. Sua principal
filial brasileira está sediada em Manaus, e é uma grande importadora de
aparelhos e material elétricos. As suas compras externas foram realizadas
basicamente das próprias filiais da PHILIPS, estabelecidas
na China, Japão, Hong Kong e Singapura. Essas subunidades desenvolvem produtos,
que são enviados para Manaus, que monta o produto final para venda no Brasil e
para exportação. Ressalta-se que essas importações aproveitam o benefício
fiscal da Zona Franca de Manaus, que é um fator determinante da concentração
deste tipo de importação.
O grupo italiano FIAT é
a oitava montadora mundial de automóveis, possuindo 16 fábricas no Brasil, a FIAT Automóveis
se destaca entre elas, um dos maiores grupos industriais do país. Um dos
fatores que marcam o intercâmbio entre Brasil e Itália é a estratégia técnico-financeira
do comércio intrafirma da FIAT. Embora, o intercâmbio venha se
reduzindo, componentes, partes e peças para a montagem de carros no Brasil
continuaram a ser trazidos da Itália, beneficiando-se da baixa taxa de
crescimento italiana e da estabilidade relativa do seu mercado no Brasil. A
operação em rede da FIAT
envolve acordos intersetoriais com a Siderúrgica USIMINAS,
em sua estratégia de desverticalização, esta fornece peças especiais e presta
serviços em mecânica e na manutenção de equipamentos.
A multilocalização, descentralização das operações na cadeia mundial de suprimentos e de distribuição da FIAT Automóveis |
Global sourcing in the automotive supply chain: The case of Fiat Auto “project
178” world car
Arnaldo
Camuffo and Giuseppe Volpato - Ca’ Foscari University of
Venice, Italy |
idem.
Polos da FIAT Turkey (esq,/ azul), Poland (esq,/ grafite), Argentina (cinza); Italy (dir/ azul) and Brazil (dir/ dir- cinza). Camuffo & Volpato, idem |
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