Informação,
Latour/ Hermandt. Redes que a rezão desconhece: laboratórios, bibliotecas, coleções In Tramas da rede (Parente –org. Ed Sulina, 2010)
Informação
não é um signo e sim uma relação estabelecida entre dois lugares — o primeiro
se torna periferia e segundo se torna um centro, sob a condição de que entre os
dois circule um veículo que denominamos muitas vezes de forma, mas que para
insistir em seu aspecto material Latour/ Hermandt chamam de inscrição.
O
que é uma informação?
Não é inicialmente um signo e sim o carregar em inscrições cada vez mais móveis
e cada vez mais fiéis, de um número maior de matéria.
A
produção de informações permite resolver de modo prático, por operações de
seleção, extração, redução, a contradição entre presença e a ausência num lugar. Para compreendê-la é
preciso se interessar pelas instituições que permitem as relações de dominação
e pelos veículos materiais que permitem o transporte e o carregamento.
Algo
próximo ao que diz Marshall Mcluhan “o
meio é a mensagem” (a forma de um meio incorpora-se na mensagem, criando
uma relação simbiótica, que o meio influencia o modo como a mensagem é
percebida).
Diagrama de Latour e Hermandt informação |
Latour/
Hermandt ressaltam que o signo não
remete de início a outros signos e sim ao trabalho de produção concreto,
material.
Informação, Vilém Flusser (a partir de Marcos Beccari. Blog Filosofia do
design)
FLUSSER,
Vilém. Mundo Codificado.
Design e comunicação são, para Flusser,
desdobramentos interdependentes de um mesmo fenômeno, a saber, o processo de
codificação da experiência. Significa que projetar é in-formar, isto é, dar
forma à matéria seguindo uma determinada intenção. De-sign (por/ colocar
signos). Logo, o produto de design é ao
mesmo tempo modelo e informação: ao transformar as relações entre o usuário e
seu entorno, atribui uma função e um significado ao mundo.
A variação de forma/aparência entre objetos
destinados a uma mesma utilização é imensa.
Dado que projetar e in-formar são aspectos de uma única
ação, rejeita-se a dicotomia clássica entre representação e referente, signo e
objeto, teoria e prática, etc.
De acordo com o pensamento de Flusser, design se
torna indistinguível de comunicação ou linguagem na medida em que sinaliza a
singular tentativa humana (natural) de impor sentido ao mundo por meio de
códigos e técnicas (artificiais). Em suma, significa enganar a natureza por
meio da tecnologia – ou simplesmente produzir cultura. Ou seja, realidade,
vivenciada coletivamente, se torna real a partir de palavras, imagens e
artefatos.Não se trata de um mundo à parte, mas da reconstrução de um mesmo
mundo cuja lógica permanece à margem da distinção material-imaterial. “Revela-se,
com isso, outro paradoxo: embora o ato de in-formar seja natural ao ser humano,
o excesso de informação nos conduz à desagregação de sentido.” (Flusser apud
Becari).
Informação, Deleuze
Num primeiro sentido, a comunicação é a transmissão
e a propagação de uma informação.
Ora, o que é uma informação?
Não é nada complicado, todos o sabem: uma
informação é um conjunto de palavras de ordem. Quando nos informam, nos dizem o
que julgam que devemos crer. Em outros termos, informar é fazer circular uma
palavra de ordem.
As declarações da polícia são chamadas, a justo
título, comunicados. Elas nos comunicam informações, nos dizem aquilo que
julgam que somos capazes ou devemos ou temos a obrigação de crer. Ou nem mesmo
crer, mas fazer como se acreditássemos.
Não nos pedem para crer, mas para nos comportar como se crêssemos. Isso
é informação, isso é comunicação; à parte essas palavras de ordem e sua
transmissão, não existe comunicação. O que equivale a dizer que a informação é exatamente o sistema do
controle. Isso é evidente, e nos toca de perto hoje em dia.
No entanto, Deleuze em O Ato de Criação, 1987, diz: suponhamos que a informação seja isso, o sistema
controlado das palavras de ordem que têm curso numa dada sociedade.
Mas ter uma ideia não é da natureza da comunicação.
Qual a relação entre a obra de arte e a
comunicação?
Nenhuma, diz Deleuze. A obra de arte não é um
instrumento de comunicação. A obra de arte não tem nada a ver com a
comunicação. A obra de arte não contém, estritamente, a mínima informação. Em
compensação, existe uma afinidade fundamental entre a obra de arte e o ato de
resistência. Isto sim. Ela tem algo a ver com a informação e a comunicação a
título de ato de resistência.
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