Segundo Frederic Jameson (2001), a globalização é um conceito comunicacional, que
alternadamente mascara e transmite significados culturais e econômicos. Mas, a
abordagem comunicacional é “basicamente incompleta”, Jameson adverte que é
sempre possível encontrar outras dimensões embutidas no conceito comunicacional
de globalização: o conceito de uma nova cultura mundial, através do postulado
da ampliação das redes, e o econômico, que advém da viabilização da produção
flexível pelas novas tecnologias da informação e da comunicação.
Os problemas de 'padronização' de
mercados e a exploração das diferenças dos locais permitem concluir com Jameson
que o conceito de globalização é ambíguo e seus conteúdos
'alternantes' possuem múltiplas possibilidades de exploração. É o que se pretende
empreender no desenvolvimento deste 'curso', que não consegue se desvencilhar do
enredamento e dos torvelinhos das “novas formas de rotação” da informação e da
reflexão.
A
compreensão das tendências da globalização solicita o enfrentamento dos
“números e outros dados duros, macrossociais” que descorporificam os lugares no
mapa, ao mesmo tempo, leva a investigação das descrições sócio-culturais, que
captam processos específicos do lugar e as possibilidades de ação em tais
processos (CANCLINI,
2003).
O novo espaço
público global imaterial e virtual conduz a reavaliação da cidade e da
arquitetura, como produto da manufatura, com seu decorrente impacto sólido,
visual, tátil de realidade, do qual provém o sentido da objetividade do mundo,
como parte da “condição humana” de acordo Hannah Arendt (1995).
As tecnologias da informação e da comunicação, mas também as
tecnologias articuladas a elas, como a logística, permitem a abertura a
processos complexos de intervenção territorial. Estes não se restringem mais
apenas ao espaço físico tangível, fixo, e sintetizam diversas situações de
reconhecimento e de abordagem.
As
condições globais estão progressivamente híbridas e multifacetadas, superpõem
flutuações e mutações, acumulando camadas[1] de
'realidade' (objetos físicos) e camadas de informações (GAUSA
et al, 2000). Estas possibilidades se chocam com a condição de objeto da
manufatura, compreendido como localização e posição sensível, e com a
noção de espaço como aquilo “que impede que tudo esteja no mesmo lugar” (VIRILIO, 1993).
Destaca-se que as tecnologias da informação e da comunicação, as TICs, operam
transformações no território sem necessariamente manifestar índices (tangíveis)
ou se tornarem ícones (físicos)[2].
[1] Camada é tomada como um termo
correlato a estrato, estratificação: “Cada estrato ou articulação é composto de
meios codificados, substâncias formadas. Formas e substâncias, códigos e meios
não são realmente distintos. São componentes abstratos de qualquer articulação”
(DELEUZE & GUATTARI, 2002).
[2] Refere-se à relação entre signos e
territorialização de Deleuze e Guattari (1995): índices (signos territoriais),
símbolos (signos desterritorializados) e ícones (signos reterritorializados).
Referências
Garcia Canclini, Néstor. A Globalização Imaginada/Nestor Garcia Canclini - São Paulo: Iluminuras, 2007
DELEUZE, Gilles & GUATARRI, Felix. Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrenia. Vol 3. Rio de janeiro: Ed. 34, 1995
DELEUZE, Gilles & GUATARRI, Felix. Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrenia. Vol 5. Rio de janeiro: Ed. 34, 2002
GAUSA, Manuel, GUALLART, Vicente & MÜLLER, Willy et al. (orgs.). Diccionario Metápolis de arquitectura avanzada. Ciudad y tecnologia en la sociedad de la información. Barcelona: Actar, 2000.
JAMESON, Fredric. Notas sobre a globalização como questão filosófica. In PRADO, José Luiz Aidar & SOVIK, Liv. (orgs). Lugar Global e Lugar nenhum: Ensaios sobre democracia e globalização. São Paulo: Hacker Ed., 2001.
VIRILIO, Paul. Espaço Crítico. São Paulo: Ed. 34, 1991
Referências
Garcia Canclini, Néstor. A Globalização Imaginada/Nestor Garcia Canclini - São Paulo: Iluminuras, 2007
DELEUZE, Gilles & GUATARRI, Felix. Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrenia. Vol 3. Rio de janeiro: Ed. 34, 1995
DELEUZE, Gilles & GUATARRI, Felix. Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrenia. Vol 5. Rio de janeiro: Ed. 34, 2002
GAUSA, Manuel, GUALLART, Vicente & MÜLLER, Willy et al. (orgs.). Diccionario Metápolis de arquitectura avanzada. Ciudad y tecnologia en la sociedad de la información. Barcelona: Actar, 2000.
JAMESON, Fredric. Notas sobre a globalização como questão filosófica. In PRADO, José Luiz Aidar & SOVIK, Liv. (orgs). Lugar Global e Lugar nenhum: Ensaios sobre democracia e globalização. São Paulo: Hacker Ed., 2001.
VIRILIO, Paul. Espaço Crítico. São Paulo: Ed. 34, 1991
Nenhum comentário:
Postar um comentário