domingo, 2 de setembro de 2012

Globalização, dois aspectos chave


Segundo Pierre Veltz (2000), dois aspectos-chave para o desenvolvimento das economias urbanas são: primeiro, a nova "centralidade" das grandes cidades como sistemas de controle da economia globalizada e, segundo, uma tendência paralela de descentralização dos serviços de rotina para fora destas cidades mundiais. Em consequência destes processos de polarização e descentralização, embaralham-se as diferenças entre metrópoles e ‘províncias’ tanto em escala nacional quanto em escala internacional.
A globalização para Pierre Veltz (2000) é uma estratégia para dominar a diversidade resultante das organizações multilocalizadas e de seus procedimentos de diversificação e valorização de produtos. Assim, a globalização se beneficia de uma visão ampla da demanda e da concorrência, baseada numa abordagem global da diversidade de situações regionais ou nacionais enfrentadas. Neste sentido, em termos organizacionais, as firmas podem encarnar múltiplos formatos e prender-se a formas geográficas, também muito variadas.
Contudo, segundo Pierre Veltz (2000), há uma defasagem entre a fase da multilocalização econômica e a fase da globalização, que concerne ao tipo de produto colocado no mercado: um produto manufaturado com alto valor agregado (de alta tecnologia) ou um produto de baixo valor agregado, como as matérias primas destinadas à produção de bens, as chamadas commodities, tais como minério de ferro, vários tipos de grãos, madeira, processados ou em natura. As commodities são os produtos predominantes na pauta de exportação dos portos do Espírito Santo (ES). No Brasil, uma importante porcentagem da indústria optou pela comercialização de commodities, produzidas e comercializadas em milhares de toneladas.
Para Pierre Veltz (2000), a passagem da multilocalização à globalização concerne à produção que agrega alta tecnologia e capacitação, mas também ao momento estratégico de dispersão das empresas no exterior que na globalização se aprimora na diversificação de produtos e da organização, especificamente no cruzamento de uma coordenação forte e configuração geográfica (dispersão, verticalização ou reagrupamento).
A globalização se estabelece por um triplo efeito da técnica, das finanças e da informação. As técnicas obtém redução de custos de transação por alcançarem uma ampla escala internacional (economia de escala). As finanças buscam maior rentabilidade na exploração de novos territórios em tempo real, “sob pressão de redes de venda” (economia de escopo) (BETBÈZE, 2009, p 105). As tecnologias da informação e da comunicação proporcionam e multiplicam a potência desses processos.
As estruturas de produção multiplicam suas dimensões, o que é seguido por um acelerado processo de deslocalização de indústrias e de serviços. “As revoluções tecnológicas acentuam os contrastes e aumentam as precarizações” (BETBÈZE, idem). Nesse processo surgem países emergentes como China e India, Brasil (citados por Betbèze pgs 105 e 113). Ele diz a China nos inquieta por estar nos alcançando (Europa) e também por estar saindo de uma pobreza de massa (BETBÈZE, p. 105). [Não encontrei a data da publicação original, importante nesse caso].

 

Referências

VELTZ, Pierre. Mondialisation, Villes et Territoires, L’Économie D’Archipel. Paris: PUF, 2000
BETBÈZE, Jean-paul. Economia: 100 palavras-chave. Porto Alegre: L&PM, 2009.

 

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