Segundo Pierre Veltz (2000),
dois aspectos-chave para o desenvolvimento das economias urbanas são: primeiro,
a nova "centralidade" das grandes cidades como sistemas de controle
da economia globalizada e, segundo, uma tendência paralela de descentralização
dos serviços de rotina para fora destas cidades mundiais. Em consequência destes processos de polarização e
descentralização, embaralham-se as diferenças entre metrópoles e ‘províncias’
tanto em escala nacional quanto em escala internacional.
A globalização para Pierre Veltz (2000)
é uma estratégia para dominar a diversidade resultante das organizações
multilocalizadas e de seus procedimentos de diversificação e valorização de
produtos. Assim, a globalização se beneficia de uma visão ampla da demanda e da
concorrência, baseada numa abordagem global da diversidade de situações
regionais ou nacionais enfrentadas. Neste sentido, em termos organizacionais,
as firmas podem encarnar múltiplos formatos e prender-se a formas geográficas,
também muito variadas.
Contudo, segundo Pierre Veltz (2000),
há uma defasagem entre a fase da multilocalização econômica e a fase da
globalização, que concerne ao tipo de produto colocado no mercado: um produto
manufaturado com alto valor agregado (de
alta tecnologia) ou um produto de baixo valor agregado, como as matérias
primas destinadas à produção de bens, as chamadas commodities, tais como minério de ferro, vários tipos de
grãos, madeira, processados ou em natura. As commodities são os produtos predominantes na pauta de exportação
dos portos do Espírito Santo (ES). No Brasil, uma importante porcentagem
da indústria optou pela comercialização de commodities,
produzidas e comercializadas em milhares de toneladas.
Para
Pierre Veltz (2000), a passagem da multilocalização à globalização concerne à
produção que agrega alta tecnologia e capacitação, mas também ao momento
estratégico de dispersão das empresas no exterior que na globalização se
aprimora na diversificação de produtos e da organização, especificamente no
cruzamento de uma coordenação forte e configuração geográfica (dispersão,
verticalização ou reagrupamento).
A globalização
se estabelece por um triplo efeito da técnica, das finanças e da informação. As
técnicas obtém redução de custos de transação por alcançarem uma ampla escala
internacional (economia de escala). As finanças buscam maior rentabilidade na
exploração de novos territórios em tempo real, “sob pressão de redes de venda”
(economia de escopo) (BETBÈZE, 2009, p 105). As tecnologias da informação e da
comunicação proporcionam e multiplicam a potência desses processos.
As estruturas de
produção multiplicam suas dimensões, o que é seguido por um acelerado processo
de deslocalização de indústrias e de serviços. “As revoluções tecnológicas acentuam
os contrastes e aumentam as precarizações” (BETBÈZE, idem). Nesse processo
surgem países emergentes como China e India, Brasil (citados por Betbèze pgs 105
e 113). Ele diz a China nos inquieta por estar nos alcançando (Europa) e também
por estar saindo de uma pobreza de massa (BETBÈZE, p. 105). [Não encontrei a
data da publicação original, importante nesse caso].
Referências
VELTZ, Pierre. Mondialisation, Villes et
Territoires, L’Économie D’Archipel. Paris: PUF, 2000
BETBÈZE, Jean-paul. Economia: 100
palavras-chave. Porto Alegre: L&PM, 2009.
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