Alguns anos de "globalização", o processo econômico que predomina mostra o fundo do poço que é a "fábrica do homem endividado", livro de Maurizio Lazzarato, a seguir um excerto do livro traduzido.
O
crédito é "um dos melhores instrumentos de exploração que o homem soube
erigir pois alguns podem, com base em papéis, se apropriar do trabalho e da
riqueza dos outros" (Ardent,apud Lazzarato). O que a mídia chama
"especulação" se constitui uma máquina de captura ou a depredação de
mais-valia nas atuais condições de acumulação capitalista, em que é impossível
distinguir a renda do lucro. O processo de mudança das funções de gestão da
produção e da propriedade capitalista, que havia começado a desenvolver no
tempo de Marx está hoje totalmente concluídas. A "capitalista realmente
ativo" é convertido, já dizia Marx, em "um simples dirigente e administrador do capital", e
o "proprietário de capital" em capitalista financeiro ou rentista.
Reduzir
o financiamento as suas funções especulativas significa negligenciar seu papel
político como representante da "capital social" (Marx) que os
industriais capitalistas não chegam, e não pode assumir, e a função de
"coletivo capitalista" (Lenine) que é exercida, através das técnicas
de governo e a sociedade como um todo. Ela também significa negligenciar sua
função "produtiva", sua capacidade de gerar lucros.
O
neoliberalismo como é chamado o modo redutor de capitalismo financeiro, este
expressa o aumento da potência do relacionamento credor-devedor. O
neoliberalismo gerou a integração do sistema monetário, bancário e financeiro
mediante técnicas as quais refletem o compromisso de fazer com que a relação
credor-devedor se constitua numa questão política importante, sem qualquer
ambiguidade, uma relação de força baseada na 'propriedade'. Na crise, a relação
entre proprietários ( de capital) e não-proprietários (de capital) amplia sua
influência sobre todas as outras relações sociais.
Referência
LAZZARATO,
Maurizio. La fabrique de l’homme endetté. Essai sur la condition néolibérale, Paris:
Éditions Amsterdam, 2011
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