sábado, 13 de outubro de 2012

3 respostas à pergunta: O que é uma informação?


Informação, Latour/ Hermandt. Redes que a rezão desconhece: laboratórios, bibliotecas, coleções In Tramas da rede (Parente –org. Ed Sulina,  2010)
Informação não é um signo e sim uma relação estabelecida entre dois lugares — o primeiro se torna periferia e segundo se torna um centro, sob a condição de que entre os dois circule um veículo que denominamos muitas vezes de forma, mas que para insistir em seu aspecto material Latour/ Hermandt chamam de inscrição.

O que é uma informação? Não é inicialmente um signo e sim o carregar em inscrições cada vez mais móveis e cada vez mais fiéis, de um número maior de matéria.

A produção de informações permite resolver de modo prático, por operações de seleção, extração, redução, a contradição entre presença  e a ausência num lugar. Para compreendê-la é preciso se interessar pelas instituições que permitem as relações de dominação e pelos veículos materiais que permitem o transporte e o carregamento.

Diagrama de Latour e Hermandt informação
Algo próximo ao que diz Marshall Mcluhan “o meio é a mensagem” (a forma de um meio incorpora-se na mensagem, criando uma relação simbiótica, que o meio influencia o modo como a mensagem é percebida).

Latour/ Hermandt ressaltam que o signo não remete de início a outros signos e sim ao trabalho de produção concreto, material.

Informação, Vilém Flusser (a partir de Marcos Beccari. Blog Filosofia do design)
FLUSSER, Vilém. Mundo Codificado.
Design e comunicação são, para Flusser, desdobramentos interdependentes de um mesmo fenômeno, a saber, o processo de codificação da experiência. Significa que projetar é in-formar, isto é, dar forma à matéria seguindo uma determinada intenção. De-sign (por/ colocar signos).  Logo, o produto de design é ao mesmo tempo modelo e informação: ao transformar as relações entre o usuário e seu entorno, atribui uma função e um significado ao mundo.

A variação de forma/aparência entre objetos destinados a uma mesma utilização é imensa.  Dado que projetar e in-formar são aspectos de uma única ação, rejeita-se a dicotomia clássica entre representação e referente, signo e objeto, teoria e prática, etc.

De acordo com o pensamento de Flusser, design se torna indistinguível de comunicação ou linguagem na medida em que sinaliza a singular tentativa humana (natural) de impor sentido ao mundo por meio de códigos e técnicas (artificiais). Em suma, significa enganar a natureza por meio da tecnologia – ou simplesmente produzir cultura. Ou seja, realidade, vivenciada coletivamente, se torna real a partir de palavras, imagens e artefatos.Não se trata de um mundo à parte, mas da reconstrução de um mesmo mundo cuja lógica permanece à margem da distinção material-imaterial. “Revela-se, com isso, outro paradoxo: embora o ato de in-formar seja natural ao ser humano, o excesso de informação nos conduz à desagregação de sentido.” (Flusser apud Becari).

Informação, Deleuze
Num primeiro sentido, a comunicação é a transmissão e a propagação de uma informação.

Ora, o que é uma informação?

Não é nada complicado, todos o sabem: uma informação é um conjunto de palavras de ordem. Quando nos informam, nos dizem o que julgam que devemos crer. Em outros termos, informar é fazer circular uma palavra de ordem.

As declarações da polícia são chamadas, a justo título, comunicados. Elas nos comunicam informações, nos dizem aquilo que julgam que somos capazes ou devemos ou temos a obrigação de crer. Ou nem mesmo crer, mas fazer como se acreditássemos.  Não nos pedem para crer, mas para nos comportar como se crêssemos. Isso é informação, isso é comunicação; à parte essas palavras de ordem e sua transmissão, não existe comunicação. O que equivale a dizer que a  informação é exatamente o sistema do controle. Isso é evidente, e nos toca de perto hoje em dia.

No entanto, Deleuze em O Ato de Criação, 1987, diz: suponhamos que a informação seja isso, o sistema controlado das palavras de ordem que têm curso numa dada sociedade.

Mas ter uma ideia não é da natureza da comunicação.

Qual a relação entre a obra de arte e a comunicação?

Nenhuma, diz Deleuze. A obra de arte não é um instrumento de comunicação. A obra de arte não tem nada a ver com a comunicação. A obra de arte não contém, estritamente, a mínima informação. Em compensação, existe uma afinidade fundamental entre a obra de arte e o ato de resistência. Isto sim. Ela tem algo a ver com a informação e a comunicação a título de ato de resistência.

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